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#1 Ornitodicas – O que fazer ao encontrar um passarinho caído

Foto do escritor: Henrique JuniorHenrique Junior

Atualizado: 28 de abr. de 2022

Poucas coisas comovem tanto amantes da natureza quanto encontrar um filhote de passarinho caído ao chão. Pequenos, aparentemente indefesos e abandonados, esses filhotes bem dizer clamam por ajuda. No intuito de ajudar, algumas pessoas bem-intencionadas acabam retirando esses pequenos filhotes de onde foram encontrados e levando para casa, muita das vezes sem ao menos saber de que ave se trata, o que ela come e, o mais importante, se ela realmente precisa de ajuda.


Diante disso, elaboramos aqui um checklist com coisas que você precisa ter em mente antes de tomar qualquer medida para ajudar uma ave “abandonada”.

Encontrei um passarinho caído o que fazer

checklist

  1.  O filhote tem penas: Esse fato por si só constitui um bom indicador de se a ave realmente precisa de ajuda. Afinal mesmo que ele não saiba voar, “se aventurar” fora do ninho é necessário para que o filhote consiga aprender a voar por conta própria. o que fazer nesse caso? Não interfira.Muito provavelmente o pai (ou mãe) está por perto e em breve aparecerá para alimentá-lo.

Para ilustrar de forma simples a situação, pense na seguinte cena: você e seu filho acabam de sair do mercado.Como são muitas as sacolas, você precisa dar mais de uma viagem para buscar as compras e levá-las até o carro. Na primeira viagem, você leva junto o seu filho e o deixa na porta do carro esperando até que você volte ao mercado e pegue o restante das sacolas. Seu filho está sozinho. Apesar de não saber se defender, ele se sente “seguro” pois sabe que em alguns minutos você estará de volta. Evidentemente ele não saberia ir para casa sozinho, dirigindo o automóvel, mas nem por isso estaria sem saída. Agora imagine que nesse meio tempo, alguém bem intencionado passe pelo estacionamento, veja seu filho, o coloque no seu carro e leve embora para casa para protegê-lo de pessoas que poderiam lhe fazer mal. Qual seria sua reação? É exatamente essa a cena que se repete incansavelmente durante a primavera (época preferida de reprodução das aves).

  1.  A ave está machucada: Se a ave estiver visivelmente ferida, talvez por um choque contra uma janela ou por ter sido machucada por um animal doméstico, contate imediatamente um CETAS – Centro de triagem de animais silvestres –ou IBAMA. Se por acaso na sua cidade não houver um, a polícia ambiental ou um veterinário particular especializado em aves podem lhe ajudar.

  2.  A ave está visivelmente em perigo: A ave está em uma área onde poderia ser pisoteada por um humano ou existem gatos ou cachorros por perto? Nesse caso, o melhor a se fazer é mover a ave para um local seguro mais próximo, o que poderia ser um galho ou arbusto fora do alcance de possíveis danos.

  3. O ninho foi danificado por uma chuva forte ou predadores: Neste caso você poderia fazer uma adaptação, de repente reformar o ninho cuidando sempre de que fique o mais parecido possível com o que era antes de ser danificado.

O melhor lugar para uma ave é sempre na natureza: Uma ave cuidada por humanos, dificilmente poderá viver como uma ave normal. Por exemplo, encontro um filhote de coruja abandonado e o levo para casa; lá o alimento com carne e carbonato de cálcio em pó. Embora essa dieta possa suprir a ave por um tempo em termos de nutrientes a fim de que ela sobreviva e leve uma vida relativamente saudável, ao fazer isso, estaria privando a ave de desenvolver sua habilidade de caça e de desempenhar o seu papel na natureza. Muito provavelmente, estaria também alterando o relógio biológico da ave, que na natureza respeita horários bem diferentes dos nossos. E, por último, uma coruja que não aprendeu desde cedo a perseguir e capturar presas não tem a menor chance de sobrevivência por conta própria na natureza.

Levar para casa, só em último caso. Antes de decidir retirar uma ave do local, é sempre recomendado minutos e até horas de observação (a distância) para então constatar se a ave se encontra abandonada ou não. Lembre-se, manter uma ave silvestre em cativeiro é crime, ainda que sua intenção seja a melhor possível.

Jamais faça soltura de uma ave por conta própria. Hoje em dia estima-se que mais de 1000 espécies de aves no mundo (cerca de 10% de todo o total de espécies que existem) estejam vivendo em área diferente da sua área de origem, e muito disso cabe à ação do homem de capturar e soltar aves sem analisar os prováveis impactos. Aves soltas em locais onde anteriormente não existiam tendem a colonizar estas áreas, tornando-se concorrentes para as espécies residentes ali e acabam por prejudicar a sobrevivência delas.

Além dos desequilíbrios causados pela competição por mesma fonte de alimentos e ninhos, aves que tiveram contato com humanos podem ter adquirido resistência a determinada doença e, ao voltar à vida selvagem, levam consigo esse patógeno, contaminando outros espécimes não resistentes a eles.

Verdade ou mentira?

“É verdade que se eu manusear um filhote diretamente com as mãos e por de volta no ninho os pais irão rejeitá-lo?”

Mentira: Salvo raríssimas exceções (como os urubus do gênero Cathartes) aves não têm bom olfato e seriam incapazes de perceber que seus filhotes foram manipulados por humanos, muito menos abandoná-los por causa do suposto contato. Logo, se realmente for necessário que toque em uma ave, faça-o diretamente com suas mãos.

Estimando a idade da ave:

Recém-nascido (1 a 3 dias)

-não possui plumas; -não abre os olhos; -não se move muito; -precisa obrigatoriamente ser devolvido ao ninho; -não sobrevive sem o cuidado paterno.

Ave recem nascida

Ave emplumada (3 a 14 dias)

-já abre os olhos; -possui plumas e já está desenvolvendo as penas de vôo; -ainda é muito pequena e precisa ser devolvida ao ninho.

Ave emplumada

Jovenzinho (mais de 14 dias) – ave bastante ativa, vocaliza e dá pequenos saltos; – tem todas as penas, mas em menor tamanho em relação ao adulto; – não caíram do ninho e sim desceram do ninho para aprender a viver fora dele; – os pais estão por perto e virão alimentá-lo.

Ave jovem

Adulto

  1. muitas das vezes o “filhote” já é um adulto e apenas sofreu algum trauma, como um choque em uma vidraça, ou se encontra incapaz de seguir seu caminho sem uma pequena ajuda. Para descobrir se a ave é de fato um filhote, atente-se às comissuras (margem amarelada proeminente no bico das aves), presentes em filhotes e aves jovens. As comissuras possuem a função de aumentar a abertura do bico com o fim de a ave ser alimentada mais facilmente por seus pais.

Alguns casos específicos.

Andorinhões, taperuçus: Essas aves têm pernas e pés bem pequenos, anatomicamente incapazes de pousar em poleiros ou erguer voo de uma superfície horizontal. Eles sempre elegem poleiros verticais como chaminés e pedreiras, das quais erguem voo. Na maioria das vezes, basta levá-lo a uma parede áspera na qual possa se empoleirar e ele conseguirá erguer voo. Nunca o arremesse, pois pode estar ferido e de fato incapaz de voar.

Andorinhão e Taperuçu

Beija-flores: Por seu metabolismo acelerado, beija-flores necessitam se alimentar praticamente o dia inteiro. Alguns minutos perdido sem néctar podem ser o suficiente para deixar a ave fatigada e incapaz de voar. Neste caso, ao encontrar um beija-flor sem condição de voo, ofereça a ele numa colher uma mistura de água com açúcar, isso por si só será suficiente para dar energia para ele se recompor e alçar voo.

IMPORTANTE:

Por mais que nos esforcemos em seguir todos os passos acima, nada garantirá a sobrevivência do espécime. Estima-se que na natureza apenas 30% de todos os filhotes de aves chegam à idade adulta e é justamente isso que garante que as espécies sobrevivam, afinal filhotes mais fortes tendem a gerar uma descendência mais forte e capaz de sobreviver.


Mesmo que pareça cruel, algumas aves de fato abandonam filhotes que não tenham chances de sobrevivência. Aves muito grandes em geral criam apenas um filhote (embora possam chocar dois ou mais ovos por segurança). Ao ver que determinado filhote tem mais chances de sobrevivência, essas aves provavelmente não mais alimentarão os outros filhotes e investirão tudo no filhote mais forte.

Em rapinantes é comum a prática de cainismo, que ocorre quando um filhote mais forte mata a bicadas ou arremessa do ninho os filhotes mais novos.


Também não é aconselhado interferência direta em casos de predação de algum filhote ou ninho por outra ave, mamífero ou réptil como lagartos e serpentes. O ideal é sempre deixar que a natureza siga seu curso. **

**Vale ressaltar que isto vale única e exclusivamente para animais silvestres e em seu habitat. Gatos domésticos, cachorros ou outros animais de estimação não devem em hipótese alguma caçar animais silvestres.

1 comentário

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1 Comment


eyresol
Mar 01, 2024

Recebi uma visita de um pombinho,ele ou ela rs tem uma anilha do ano de 2013,vou viajar e não posso cuida dele ,porque não consegue voar! O que eu faço, me ajudem por favor com ele! Obrigada

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